por Cláudia Cavalcante
de Boa Vista/RRR - 22h53min
de Boa Vista/RRR - 22h53min
Indígena Yakunã Tuxá compartilha, experiência de sua sexualidade. Foto: CCS |
A
tríade mulher, indígena e homossexual marca a trajetória da jovem
de 25 anos, Yakunã Eduarda Tuxá, indígena do povo Tuxá, do estado da Bahia,
que traz consigo histórias de superação, “decolonização” e
desafios. Termos que ela utiliza para falar sobre a urgência que
requer a pauta LGBT para os indígenas no Brasil.
O
assunto foi tema da mesa “A sexualidade indígena”,
durante a programação do
IV Seminário Psicologia,
Povos Indígenas e Direitos Humanos da Região Norte,
promovido pelo Conselho Federal de Psicologia - Região 20.
A abordagem da temática foi conduzida pela indígena Yakunã Tuxá, sob a mediação da antropóloga da Universidade Federal de Roraima (UFRR) cedida à Universidade de Brasília (UnB), Elaine Moreira.
O evento ocorreu no auditório da Escola de Aplicação da UFRR, campus Paricarana, e contou com a participação efetiva de indígenas de diversas regiões e etnias do Brasil e da Venezuela, entre eles Ailton Krenak, líder que influenciou a inclusão de um capítulo na Constituição de 1988 sobre a proteção dos direitos dos indígenas, além das lideranças locais: Jaider Esbell, artista plástico da etnia Macuxi; Dilson Ingarikó, do povo Ingarikó, e Dário Kopenawa, da etnia Yanomami.
Foram dois dias de intensos debates acerca da temática que teve como ponto alto a atuação da psicologia junto aos povos indígenas.
A abordagem da temática foi conduzida pela indígena Yakunã Tuxá, sob a mediação da antropóloga da Universidade Federal de Roraima (UFRR) cedida à Universidade de Brasília (UnB), Elaine Moreira.
O evento ocorreu no auditório da Escola de Aplicação da UFRR, campus Paricarana, e contou com a participação efetiva de indígenas de diversas regiões e etnias do Brasil e da Venezuela, entre eles Ailton Krenak, líder que influenciou a inclusão de um capítulo na Constituição de 1988 sobre a proteção dos direitos dos indígenas, além das lideranças locais: Jaider Esbell, artista plástico da etnia Macuxi; Dilson Ingarikó, do povo Ingarikó, e Dário Kopenawa, da etnia Yanomami.
Foram dois dias de intensos debates acerca da temática que teve como ponto alto a atuação da psicologia junto aos povos indígenas.
“Vir
a Roraima para participar desse evento e trazer a minha experiência
de vida é muito gratificante. Em especial, pelo fato de vivermos em
um sistema patriarcal e racista, que pune todos os corpos que são
dissidentes e que fogem do padrão heteronormativo. Mostrar para as
pessoas como eu consegui me entender enquanto LGBT e ainda assim
estar junto do meu povo e me sentir pertencente a cultura da minha
aldeia pode ajudar muitos jovens indígenas a superar a barreira do
preconceito”, afirmou.
Yakunã
revelou que se descobriu homossexual aos 14 anos e que para superar o
preconceito e vencer a homofobia na sua aldeia foi preciso voltar ao
passado, às origens, estudar e entender o processo histórico de seu
povo.
Sobre
o discurso de ódio ao corpo dos sujeitos LGBTs, a palestrante
indígena relatou que essa prática não é de seu povo. “Quando
eles chegaram aqui, os homens brancos, nós usávamos nosso corpo a
nosso modo, não existia homofobia, eles que trouxeram isso, e os
Tuxá, por influência, reproduziram”.
Ainda
conforme Yekunã, com o processo de colonização sobre seus corpos
também avançaram os ideais de religião e racismo como forma de
controle de seu povo, fomentando a violência. “Essa violência é
muito pesada, a média de vida de um jovem indígena LGBT é de 30
anos”, lamentou.
Yakunã
destacou que a decisão de compartilhar sua experiência de vida
surgiu diante da necessidade de promover a “decolonização” da
sexualidade para que os indígenas LGBTs não se sintam tão sozinhos
nessa caminhada dentro de seu próprio território, ou até mesmo
fora dele.
“O
indígena não precisa deixar sua aldeia e ir à cidade em razão da
sua sexualidade. Na cidade temos outros tipos de violência. Tenho
feito disso a minha bandeira, ocupando, sempre que possível, os
espaços de debate sobre o tema, que ainda é muito invisibilizado.
Quando surge a oportunidade de falar da pauta indígena LGBT, acho
importante expor minha trajetória e dizer: ‘a gente está aqui,
você não está sozinho’”, finalizou.
Elaine Moreira durante mediação dos debates. Foto: Dilson Ingarikó |
Grupo Moitará
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